Dia 31 de agosto finalizamos o mês contando a
história do “Bumba Meu Boi”. As crianças participaram bastante. Foi muito
divertido!
BUMBA MEU
BOI
Numa fazenda de gado à beira do rio
trabalhava Francisco um funcionário que cuidava dos animais e morava numa
casinha simples nas terras da fazenda com sua esposa Catirina.
O casal estava muito feliz porque Catirina estava
grávida de seu primeiro filho. Numa noite em que a lua prateava o pasto e eles
já estavam deitados, Catirina acorda o marido:
-Chico! Chico!
-O que é mulher?
-Chico estou com desejo enorme de comer língua de
boi.
-Ora Catirina, isso lá é hora de comer língua de
boi! Me deixa dormir que amanhã eu pulo cedo da cama.
-Não entendo. Se você está com vontade de comer
língua, como é que ele vai nascer com rabo?
-Se não for com rabo vai nascer com os chifres, ou
com a língua de boi.
-Tá bom, tá bom! Amanhã eu vou a cidade e compro
uma língua de boi.
-Amanhã não. Tem que ser agora!
-Agora?! Mas a onde eu vou achar a tal língua?
-Ache o boi, que ocê acha a língua.
- Mas os bois não são nossos - disse
Francisco.
-Francisco o fazendeiro é rico, ele tem tantos bois
que nem vai notar a falta de um só.
Catirina insistiu muito e tinha um olhar comprido
que dava pena, até que Francisco saiu a procura, foi até o curral, laçou o boi
e levou-o para dentro da mata. Com um facão matou o coitado, cortou a língua,
cozinhou e pôs fim ao desejo da mulher. Catirina comeu tanto que
quase estourou. Na noite seguinte os dois resolveram fazer uma festança em seu
quintal com o que sobrou do animal para comemorar a gravidez, então, chamou os
vizinhos, fez uma fogueira, assou a carne, repartiu e cantou:
Canção:
A parte da frente é da
boa gente.
A parte de trás é pro
bom rapaz.
A parte do meio é de
quem não veio.
E os chifres de quem
é? É de quem está em pé”.
Daí a dias, o dono da fazendo cismou de ver o
rebanho:
O feitor procurou pela fazenda inteira, não
achou e deu a notícia:
- Sumiu.
- Sumiu, como?!
Um dos funcionários que tinha visto Francisco fazer
a repartição, e não tinha ganhado nada, contou:
- Vi o Chico matando ele.
O fazendeiro ficou furioso, mandou o capataz
pegar o Chico e amarrá-lo no curral. Catirina também ficou com o marido.
- Se eu soubesse suspirou Catirina - não te pedia
língua de boi aquela noite.
- E se eu soubesse falou Francisco - não te fazia a
vontade.
O fazendeiro caiu no choro e na tristeza quando
mostraram para ele o que restava do boi: o esqueleto com o rabo e os chifres.
O pajé chegou com ervas, os índios dançaram ao
redor do boi. O boi se mexeu e deu um pum. Foi só.
-Que mal cheiro! O meu boi morreu! ... -
chorava o fazendeiro. – Que será de mim?
- Manda buscar outro - sugeria o feitor - Lá
no Piauí.
Ninguém entendia o sofrimento dum homem tão rico e
com tantos bichos em sua fazenda.
O pajé sabendo que Francisco estava preso e que o
fazendeiro pretendia mandar seus homens dar uma surra em Francisco. Disse:
-Se eu fizer o boi ressuscitar, você vai me
prometer perdoar Francisco, não fazer nenhum mal e deixar ele e sua mulher
Catirina ir embora de suas terras.
O fazendeiro por amor ao boi prometeu. Então o pajé
acendeu um cachimbo e baforou nos restos do boi. Assoprou três vezes. O
boi viveu, saiu chifrando quem estava perto. O fazendeiro não cabia em si de
tanta alegria. Pulava e abraçava a todos. Perdoou Francisco e Catirina.
Essa é uma versão da lenda do bumba-meu-boi do
mundo. Mais tarde, pra ficar mais bonito, inventaram as criaturas fantásticas:
o Caipora, o Bicho Folharal, o Jaraguá e a Bernúncia. E outros animais, além do
boi: a Burrinha, a Ema, o Cavalo-Marinho, o Urso, o Jacaré, o Urubu e muitos
outros.