quinta-feira, 7 de maio de 2015

O BODE IOIÔ


Obs.: História para ser adaptada oralmente para uma linguagem acessível a compreensão das crianças, ou seja a pessoa que vai fazer a contação se apropria da história e conta para as crianças usando suas palavras, utiliza também as gravuras para ajudar na compreensão.


Vou contar para vocês a história do bode Ioiô. Havia no interior do Ceará uma família de agricultor. A propriedade era pequena, mas quando chovia dava para plantar milho, feijão, ter uma horta, criar galinha, porco, uma vaquinha, bode, enfim, vários animais e viver feliz.




Porém a seca sempre castigou o nordestino do campo.
Em 1915, houve uma seca muito severa que não deixou cair uma gota de chuva no chão. Esta tornou-se famosa, até os dias de hoje, as pessoas mais velhas falam dela. E o nordestino sofreu muito. Viu a plantação secar, viu os animais morrerem de fome.



Então as circunstancias fizeram tomar uma decisão difícil: sair de sua casa e viajar pra cidade de Fortaleza em busca de trabalho para sua família não morrer também.

Dos animais que essa família tinha, um era especial, o bode, ele era brincalhão e companheiro, todos gostavam muito dele, ele não vivia só no curral, tinha acesso liberado dentro de casa e como ainda estava vivo a família decidiu levá-lo.  
  
Chegando na cidade, não foi nada fácil, ficaram na casa de parente, colocaram o filho na escola e foram atrás de trabalho.
O bode muito danado acostumado a liberdade, não se acostumava ficar só dentro de casa, nem só no quintal. Saía pelas ruas, passeava e depois voltava. O cheiro dele incomodava a dona da casa. E os donos do bode, novamente tomaram uma decisão difícil, resolveram vendê-lo, afinal eles não passavam mais muito tempo na companhia do bode, trabalhavam o dia todo e só chegavam a noite, também o dinheiro estava pouco, e vendendo o bode, cairia umas moedas no bolso.

Foi aí que o homem teve uma idéia, oferecer o bode ao dono da empresa onde estava trabalhando. Uma empresa inglesa instalada na Praia de Iracema. O bode Ioiô, muito sortudo, conseguiu a simpatia do dono da empresa, que logo o comprou.




 
Então ele passou a ser criado solto lá no pátio da empresa, e continuou livremente passear pelas ruas. Em pouco tempo, familiarizou-se com a cidade e conquistou a simpatia dos habitantes.








Perambulava pela cidade, visitava diariamente a Praça do Ferreira, centro cultural e comercial da época. Freqüentava os bares, cafés e restaurante fortalezense.





 


 Como todo dia fazia sua rota de passeio, fez amizade por onde passava e as pessoas lhe davam comida, água e carinho.



Ao final da tarde ia apreciar o por do sol na praia e voltava para dormir na empresa.
Ioiô recebeu tal nome por conta da rota que frequentemente fazia, que parecia um ioiô (subindo e descendo pelas ruas de Fortaleza). As leis proibiam a circulação de animais desacompanhados pelas belas ruas da cidade ainda assim, não era perturbado nem pelos fiscais municipais, fato devido à conquista da simpatia popular conquistada pelo animal.
 

Seu aspecto descuidado e seu cheiro característico e desagradável não impediam que o carinho dos fortalezenses o atingisse. Ioiô fazia amizade com escritores, artistas, políticos, cidadãos comuns e até fazia companhia nas bebedeiras dos boêmios.


 Ioiô participou de atos políticos em coretos, praças e sarau literários, comeu a fita inaugural do Cine Moderno, assistiu peça no teatro José de Alencar, passeou de bonde, perambulou pelas igrejas e até pela Câmara Municipal.


 
 O bode era muito prezepeiro, pois quando o vento forte da Praça do Ferreira levantava os vestidos das moças e as batinas dos padres, isso estimulava o bode a correr atrás.

 







Ainda como manifestação de profundo amor ao bode e revolta pelos desmandos e corrupções exercidos pelos políticos da época, em 1922, os eleitores de Fortaleza elegeram o Bode Ioiô para vereador da cidade, inclusive, com a maior votação daquela eleição. Não foi empossado (claro!), mas sua “eleição” foi considerada na época como uma representativa manifestação de protesto ao poder público e isso fez com que sua fama se expandisse além das fronteiras de Fortaleza. Bem além… Pois hoje existe uma réplica de Ioiô no museu de Hollywood.

 No decorrer dos anos, a cidade ia se desenvolvendo e o vigor físico do animal, em contrapartida, diminuindo. Por esse motivo, tornava-se cada vez menos comum encontrar o Bode Ioiô em meio à boemia. Até que, no ano de 1931, foi encontrado morto próximo à Praia de Iracema. Seu falecimento foi publicado e sentido por grande parte da população fortalezense. Logo em seguida, a empresa proprietária de Ioiô, embalsamou o corpo e cedeu ao Museu do Ceará. Lugar onde é possível encontrar até hoje a presença desse ilustre personagem.


 Antes do passeio ao Museu do Ceará, fizemos a contação de história do "Bode Ioiô". Reunimos as crianças no pátio, elas ouviram com atenção, observaram as gravuras e ficaram impressionadas com o personagem principal, o bode Ioiô. Estão ansiosas para conhecê-lo.




As crianças do Infantil 3 fizeram uma colagem com a gravura do bode Ioiô.













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